12/08/2006

Uma Duvida Inquietante – Parte II de um grande desafio

Hoje comecei a planear as produções que iremos apresentar no Rivoli. (Quem não fizer a menor ideia do que falo deve ler a Parte I, alias é um hábito saudável ler a parte I antes de ler a parte II.)

Antes de mais o numero assustador. Ele (refiro-me evidentemente ao Sr.Dr.Rui Rio) quer 300 dias de espectáculo por ano. Se fossem 300 espectáculos por ano, com as duas salas era mais fácil, mas sendo a contagem em dias é mais difícil.

Vamos contar Agosto fechado, segundas de folga, 25 e 31 de Dezembro... Felizmente em 2007 o 25 e o 31 de Dezembro calham numa segunda, menos dois dias que se desperdiçam.

Contemos: O ano tem 365 dias. 31 dias têm Agosto, e nos outros meses há 49 segundas com 300 de espectáculos ...

Acho que vamos ter que abrir em Agosto.

E ainda assim temos que apresentar espectáculos de terça a domingo e apenas ficam 16 dias por ano para montar os espectáculos. Ou apresento só um espectáculo com 300 representações que demore 16 dias a montar ou então vou ter que andar a jogar com as programações das salas. Terça a quinta espectáculos na sala pequena e montagem na grande, sexta a domingo espectáculos na grande e desmontagem e montagem na pequena. Segunda descansamos. Acho que a coisa se resolve.

Eu não fazia ideia que nos cinco anos de gestão do Sr.Dr.Rui Rio o Rivoli tinha tanto espectáculo, mas de certeza que ele não ia exigir a alguém que fizesse mais do que ele foi incapaz de fazer. Deve apenas exigir que alguém seja tão incompetente como ele foi, só que mais barato.

Acabei de reler o ponto 5 das “LINHAS DE ORIENTAÇÃO DO MODELO DE FUNCIONAMENTO DO TEATRO MUNICIPAL DO PORTO” (as maiúsculas, para quem ainda não saiba são deles). Estou ****-**. Todos os espectáculos têm que ser pôr nós directamente produzidos. Será que ele quer dizer aquilo que eu espero que ele queira dizer ou será que ele quer dizer aquilo que eu temo que ele queira dizer, ou pelo contrário será que ele não tem a menor ideia do que quer dizer e é por isso que eu não sei o que ele quer dizer. (Esta frase saiu confusa. O melhor é explicar que ele é o Sr.Dr.Rui Rio.) Estará ele a lavar as mãos de produzir ele os espectáculo ou estará ele a proibir-me de alugar, ceder ou emprestar a sala para que outros apresentem os seus trabalhos?

É tão confuso quando se está a ler coisas de pessoas que escrevem sobre coisas que não dominam, e mais a mais quando a mente é assaltada por uma dúvida há logo mil outras que se levantam.

Quando ele fala de espectáculos deve estar a falar de representações. Ou não? Será que temos que fazer 300 estreias?

E cinco horas de um monólogo já farão de um espectáculo uma grande produção, ou terá que ser uma produção que demore dois anos a produzir? Ou será que a mesura não é temporal mas sim espacial? Um espectáculo com os adereços muito grandes ou com muitos cenários?

E uma adaptação teatral do livro “O Tó já sabe usar o bacio” poderá ser considerada uma produção de cariz infanto-juvenil integrada no curriculum escolar ou teremos que produzir Gil Vicente?

E quanto às produções de cariz experimental do pequeno auditório, a ideia será ir experimentando a ver se a coisa sai bem?

Sinceramente estou com medo de passar à leitura do ponto 6. E o documento tem 25 pontos. Tenho medo do que venha a encontrar... será que?! Não! Os outros é subsidio, é diferente. Mas por outro lado... E mesmo que não esteja aqui será que vai aparecer no contrato final?

Se calhar o melhor é perguntar já. Segunda-feira vou-lhes perguntar se caso o Teatro da Palmilha Dentada fique com o Rivoli se terá que assinar uma cláusula a comprometer-se a não dizer mal da Câmara Municipal do Porto. Espero que não, teríamos que reescrever mais de metade do próximo espectáculo.

Será que também vocês sentem o desânimo que por vezes me invade?

9 comentários:

Girstie disse...

Completamente sentido! E palmilha ao poder....se não der muito trabalho, claro.

Anónimo disse...

Bem, eu, se calhar, não fazia muitas perguntas - é assim uma técnica de empurrar com a barriga...

fernando lucas disse...

Tudo isso não será uma prenda envenenada do senhor Rui Rio?
Tipo a higiene de Pilatos "eu dei o rivoli aquela gente da palmilha, eles é que não conseguiram. agora vai ter que ser um novo el corte englês."

Palmilha Esquerda disse...

São essas e tantas outras dúvidas que nos tornam tão angustiante a vida Manual de Deus. E tu me vez de nos ajudar ainda lanças mais dúvidas?! Quem é que paga a higiene íntima do “Pilatos”? Teremos que ser nós a fornecer-lhe a água, o sabão e a toalha, para que ele candidamente possa lavar as mãos?
Ultimamente tenho tido pesadelos recorrentes de estar sentado no meu gabinete a tentar gerir o Rivoli e de estar constantemente gente a entra a gritar que já não há papel higiénico na casa de banho do foyer do segundo piso e que se acabou o sabão liquido no pequeno auditório. Será algum tipo de aviso? Será que poderíamos privatizar as casas de banho do Rivoli?

fernando lucas disse...

Mandem uma folha A4 (sem dobrar) apara o senhor Rui a propor que ele possa gerir os WCs, desse assunto ele deve saber.
Exactamente por pensar em vocês é que faço estas perguntas, não vou estar a dizer que é uma maravilha e que tudo vai correr bem, que ser "patrão" é canja.
(agora uma frase bonita)... Ser pintor não é o mesmo que ser dono de uma galeria.
Espero que consigam. Se necessitarem de ajuda "count me in"

Anónimo disse...

Por favor não misturem os evangelhos com questões de WC, haja um pouco de respeito! Lá porque o Pilatos lava as mãos, daqui a pouco também temos Judas enforcado numa figueira - o que é problema, onde encontrar uma figueira? Já para não falar nos trinta dinheiros.
Quanto a reescrever os espectáculos da Palmilha, se se apresentarem no burgo do senhor, é melhor ir reescrevendo. Vão dizer mal para a Maia, Gaia, enfim, esses sítios terminados em aia ou inhos. Ou em Viana, a do Castelo...

fernando lucas disse...

boa... acabados em boa!

Palmilha Esquerda disse...

Cara Helena

Como eu a percebo. Também eu acho que não há em Portugal as figueiras necessárias.

Anónimo disse...

Ora aí está um problema que devia ser colocado no âmbito do concurso de ideias para o jardim do Côvelo - as figueiras. Os trinta dinheiros são mais do pelouro das actividades económicas que, como toda a gente sabe não são culturais, logo não devem ser para aqui chamados.