30/04/2006

Névoa matutina

Desenganem-se os que, por ventura, terão pensado que, mais uma vez, se repetiria o trágico desaparecimento de uma figura marcante da história Lusa.
Não será uma bola de futebol a impedir a minha marcha, nem uma bicicleta de montanha a prostar-me por terra. Parafraseando o Dr. Couto numa das suas últimas incursões em palco – um homem tem de levantar-se, sacudir a poeira e depois então continuar.
Que melhor momento poderia eu desejar para regressar às postas (tradução livre do inglês posts). Uma madrugada de neblina.
Faça-se cumprir a estória!

24 de Abril de 1974
Regimento de Infantaria nº 7.
As tropas estão preparadas, a moral está nos píncaros.
Gabinete do Capitão Fonseca, após 1ª formatura da manhã.
Fonseca folheava a grande sebenta dos estrategas portugueses.
-Meu Capitão dá licença?
-Fale Cabo Salgado.
-Meu Capitão, está lá fora o soldado Freitas. Diz que… teve uma premonição sobre a revolução!? Um sonho! Ele viu tudo vermelho meu Capitão!
-Vermelho é? –Enquanto revia algumas, das mais famosas, tácticas de combate. Capítulo IV, a táctica do quadrado. -É do sangue Salgado, é do sangue!
-Do sangue, meu Capitão?
-Oh Cabo Salgado, não está à espera de fazer uma revolução sem sangue. Haverá muitas baixas do lado do inimigo!

3 comentários:

Santa Ignorância disse...

Meu caro Pop Up se quer parafrasear faça-o correctamente. O Dr Couto diz: "Um homem tem de pegar o touro pelos cornos, sacudir a poeira e depois continuar. Quem você parafraseou foi a brilhante personagem Asdrubal Pocinho!

Lia Ferreira disse...

vocês são lindos!

Anónimo disse...

Uma outra cor...

Questiono-me sobre uma premonição vermelha. Tudo poderia ter passado por uma visão escarlate da coisa e ser deixada na gaveta por dúvidas e insegurança que a palavra certamente arrastaria. Dar-se ia uma revolução sem premonição Freitiana. A ineficácia, o alhear, o não rir e até o ignorar devem-se por vezes à falta de documentação e conhecimento. A táctica perfeita evitará sempre o derrame de glóbulos. O quadrado não fará sentido num chão pisado por verdadeiros capitães. Liturgias agressivas, desvarios exacerbados e excesso de conhecimento podem levar o verdadeiro comandante a prescindir da arma e a atirá-la aos seus seguidores. Porventura fará o mesmo com uma simbólica medalha ou um casaco. Prevejo qualquer coisa azul, inteligentemente conquistadora e categoricamente dominadora.
A ignorância e as vozes que a minimizam e subjugam só podem ser esmiuçadas com uma única táctica: a do martelo...e o touro sem cornos!!