26/04/2006

Explicando o 25 de Abril aos mais jovens

Amiguinho

Trinta e dois anos já passaram sobre a revolução que libertou Portugal de uns senhores cinzentos com alguns traços tétricos.
Entre outras coisas a revolução acabou com uma guerra colonial, libertou os presos políticos e restaurou a nossa democracia, dando ao povo o poder supremo de eleger aqueles que queira para os governar. Para facilitar a vida ao povo as coisas organizaram-se em torno de uma espécie de catálogo para o povo poder escolher. Já imaginaste a confusão de ir com os papás comer uma piza e ter que escolher os ingredientes todos?
Pois é, era muito difícil, é por isso que em Portugal a vida politica é centrada nos partidos, assim o povo já sabe qual é o sabor do candidato em que vota. Antigamente apenas havia um sabor à escolha, castanha com bolor. E era um sabor muito mau, e ainda por cima era sempre o mesmo. Imagina o que era ter sempre que comer um gelado com sabor de peúga suada, não era muito bom, pois não?
Foi por isso que os militares se revoltaram e resolveram tomar o poder pela força.
E na madrugada do 25 de Abril, eles lá marcharam para a capital. Tu sabias que na altura não havia telemóveis? Pois é! Nem telemóveis, nem Internet, na altura Portugal era quase uma selva, mas com menos plantas. Por isso o militares combinaram que quando na rádio toca-se uma canção era o sinal para a revolução começar. E foi um sistema que resultou bem e não deu confusão nenhuma. Na altura não havia playlist, que são as listagens das músicas que as rádios podem tocar, dantes havia uma coisa muito pior que era a lista das músicas que as rádios não podiam tocar. Eram tempos muito maus.
Quando os militares ouviram a musica combinada começaram a revolução. E o militares chegaram a Lisboa disposto a lutar por aquilo que acreditavam. Mas nem foi preciso, quando lá chegaram o senhor que mandava disse assim:
- É o poder que vocês querem? Tomem lá o poder, eu vou para o Brasil.
E foi, já na altura os senhores que mandavam adoravam largar tudo e ir para o estrangeiro. Mas os militares eram pessoas muito ingénuas e não perceberam que ali havia marosca, e ficaram todos contentes. No princípio a coisa foi muito complicada, ninguém sabia bem o que fazer e como fazer. Mas o país vivia uma festa antecipada. Sabes quando te deitas na véspera dos teus anos a pensar no bolo que a tua mãe vai fazer para os teus amigos, era a mesma coisa. E já se sabe que no dia seguinte a porcaria do bolo é sempre um bolo de massa seca com uma cobertura de chocolate a ver se disfarça.
Mas depois a coisas melhoram, veio a Internet, o Mac donald, o canal panda e finalmente os telemóveis. E o país ficou aquilo que tu já conheces e tanto gostas.
Por hoje é tudo, espero que tenhas gostado, eu volto a 10 de Junho para te explicar quem era Camões e o que são afinal as comunidades portuguesas no mundo. Para já deixo-te uma pista: Sabes aqueles senhores louros que tentam vender pentes nos semáforos, é parecido, só que ao contrario. Fica bem e beijinhos.

3 comentários:

Lia Ferreira disse...

amiguinho (já dizia o Vasco Granja!), ora aqui está um pitéuzinho!
Eu ainda vou ter que explicar à Mariana a implantação da Républica, para ela perceber que quem foi derrubado, deta vez, não foi o Rei... Mas já foi percebendo vagamente o princípio da coisa...

Anónimo disse...

Não acho bem esquecer a parte dos cravos!

Anónimo disse...

Até tinha piada, mas «Por isso o militares combinaram que quando na rádio toca-se uma canção era o sinal para a revolução começar.»

toca-se ???????